sexta-feira, 19 de abril de 2013

Terror do vale


Paraphysornis brasiliensis

Há aproximadamente 22 milhões de anos atrás, uma gigantesca ave carnívora aterrorizava o sudeste brasileiro. Esse período de tempo compreende o final do Oligoceno e inicio do Mioceno.
Seus restos fósseis foram encontrados pelo pesquisador Herculano Alvarenga, entre os anos de 1976 a 1978. Foi ele quem também estudou e restaurou a ossada do animal, batizando-o de Paraphysornis brasiliensis. O Paraphysornis faz parte da família Phorusrhacidae, e são conhecidas como “Aves do Terror”, devido a sua aparência selvagem e assustadora.
Essa imensa ave pesava por volta de 180 kg, e media mais de 2 metros de altura. Portava um enorme bico córneo curvado em sua ponta superior, sustentado pelo crânio de 60 cm de comprimento. Seu tamanho avantajado fornecia uma proteção extra e também poderia usá-lo como intimidação para roubar a caça de outros animais menores. Em compensação, seus braços eram atrofiados, e provavelmente não apresentava nenhuma função aparente. Os ossos da sua perna indicava que esta não era uma boa corredora, o que lhe impedia de perseguir suas presas por muito tempo. Há indícios de que ela pudesse desferir golpes com seu bico, curvando o pescoço para traz e jogando todo seu peso sobre a presa, assim seu bico funcionaria como um porrete, podendo quebrar sua coluna vertebral ou causar um sério ferimento no crânio da vitima, imobilizando-a imediatamente. Assim a predadora poderia se banquetear a vontade. Como todo predador oportunista, ela devia ter passado grande parte do seu tempo em busca de carcaças, como um urubu gigante terrestre, a fim de economizar energia ao invés de desperdiça-la numa caçada.
Por incrível que pareça, essas aves do terror fazem parte da ordem Cariamiformes, onde as seriemas estão inseridas. As seriemas são encontradas numa faixa territorial que se estende da Argentina até o nordeste brasileiro, podendo ser vistas em beiras de estradas, a procura de algum animal que tenha sido atropelado. Essa ordem está no planeta a mais de 60 milhões de anos, sendo a família das Seriemas, a única vivente até hoje.

Referências:

Alvarenga, H.M.F. (1982) Uma gigantesca ave fóssil do cenozóico brasileiro: Physornis brasiliensis sp. n. Anais da Academia Brasileira de Ciências 54(4):697-712.

Alvarenga, H.M.F. & Höfling, E. (2003) Systematic revision of the Phorusrhacidae (Aves: Ralliformes). Pap. Avulsos Zool. (São Paulo) 43(4).

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